Mês do Orgulho LGBT


São Paulo é casa de uma das maiores Paradas do Orgulho LGBT do mundo, e estamos às vésperas da 21ª edição do evento. Já é tradição: no domingo do feriado de Corpus Christi, pessoas de todo Brasil se reúnem na icônica Avenida Paulista para celebrar a diversidade e lutar por direitos para a população LGBT. Mas por que sempre em junho?
Não é só no Brasil que junho é o mês de diversas celebrações e protestos em favor dos LGBT. Essa história começou nos Estados Unidos, em junho de 1969, com as Revoltas de Stonewall. Até os anos 1960, os Estados Unidos tinham uma legislação anti-LGBT muito cruel. Era crime amar alguém do mesmo sexo, mesmo se fosse dentro de casa e consensual. Um relacionamento LGBT, até os anos 1960, podia levar até à prisão perpétua nos EUA. Castração, choque elétrico e lobotomia – cirurgias que retiravam parte do cérebro do paciente – eram usadas para tentar “curar” homossexuais.
Claro que essa situação era insustentável, e pouco a pouco a comunidade LGBT foi se organizando. Nos anos 1960 havia ainda poucos lugares que aceitavam LGBTs com tranquilidade, mas um deles, em Nova York, era o bar Stonewall Inn, no bairro de Greenwich Village. Esse bar era conhecido, aliás, por reunir a parcela mais marginalizada da comunidade: transgêneros, homens gays afeminados, mulheres lésbicas masculinizadas, transgêneros e drag queens, entre outros.
A época era propícia para colocar o dedo na ferida de questões delicadas. Os anos 1960 foram marcados pela contracultura, e os movimentos pelos direitos humanos e contra a guerra estavam em alta. Em 1969, cansados de tanta injustiça, a comunidade LGBT que se reunia no Stonewall Inn se revoltou. Durante dias eles enfrentaram a polícia, que fazia batidas frequentes no bar, agindo contra os frequentadores com violência e opressão.
O que aconteceu no Stonewall Inn foi impossível de ser ignorado. Jornais como o New York Times e o New York Post cobriram os acontecimentos. O que começou como uma revolta contra a opressão policial no bar se transformou em uma luta pelos direitos LGBT de uma forma mais ampla. Ninguém mais ia se esconder.
Em 1970, ano seguinte às Revoltas de Stonewall, aconteceram as primeiras Paradas LGBT nos EUA, celebrando o aniversário do evento. A data exata da comemoração é 28 de junho – Dia Internacional do Orgulho LGBT. Em 1970 aconteceram manifestações nas cidades de Los Angeles e Chicago, além de Nova York. Em 1971 foi a vez de Boston, Dallas, Milwaukee, Londres, Paris, Berlim Ocidental e Estocolmo. E, desde então, a cada ano, mais e mais cidades se unem e se organizam para lutar pelos direitos LGBT.

História da Parada do Orgulho LGBT de São Paulo

A primeira edição da Parada do Orgulho LGBT em São Paulo aconteceu em junho de 1997, na Avenida Paulista. Icônico palco de protestos e celebrações, a avenida recebeu cerca de 2 mil gays, lésbicas, travestis e ativistas para celebrar o orgulho e protestar contra o preconceito.
Parada do Orgulho LGBT Sao Paulo
(Victor Moriyama/Getty Images)
A cada ano a Parada busca dar visibilidade a um tema específico. Em 2017, o tema é a luta por um Estado Laico de verdade. Em 2016, foi a vez de lutar pela Lei da Identidade de Gênero e contra a Transfobia. O casamento entre pessoas do mesmo sexo já foi tema – e virou lei. E, claro, a luta contra a homofobia é uma constante.
Desde 1997, a Parada LGBT cresceu muito dos 2 mil apoiadores da primeira edição, a marcha chegou a reunir 2 milhões e meio de pessoas celebrando a diversidade, e entrou para o Guiness Book com o recorde de maior Parada do Orgulho LGBT do mundo, em 2006.

GLS, GLT, LGBT, Parada Gay – qual nome é o certo?

Em 1997 a sigla mais usada para representar a diversidade era GLT – gays, lésbicas e travestis – e por isso a primeira marcha foi chamada de “Parada do Orgulho GLT”.  Em 1999, a sigla mudou para GLBT – gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros. Popularmente o protesto era chamado de “Parada Gay”.

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